terça-feira, 14 de setembro de 2010

SECA NA AMAZONIA

Seca atinge nível crítico nos principais rios do Amazonas. Vazante do Rio Negro já é pior do que a registrada na mesma época da seca de 1963; seis cidades estão em alerta.

O Rio Negro, que banha Manaus, estava na última sexta-feira apenas sete centímetros abaixo do registrado na mesma data em 1963, ano da maior seca da história. No dia 10 de setembro daquele ano, a cota do rio era de 20,33 metros ante 20,26 metros de sexta-feira. Os dados são do Serviço Geológico do Brasil (CPRM). Na seca de 1963, o Rio Negro atingiu em outubro, pico da estiagem, a marca de 13,64 metros.
O Rio Solimões, que banha a maior parte dos municípios do interior, está em nível ainda mais crítico. No dia 9, atingiu 32 centímetros negativos, ou seja, abaixo do zero da régua - medição menor do que o pico recorde registrado em 2005. O ano registrou a maior vazante do Solimões já aferida pelo CPRM. Em 2005, no pico da estiagem, verificado na primeira quinzena de outubro, a régua marcou dois centímetros positivos.
Os problemas que já acometem o interior, como isolamento de comunidades e barcos impedidos de atracar nos portos, começam a dar sinais também na capital. Há leitos de igarapés secos bem no meio de Manaus, como o igarapé do Quarenta, que corta a capital.
Com o Rio Negro a menos de cinco metros do nível crítico, a Capitania dos Portos já emitiu alertas. Segundo a assessoria do órgão, na semana passada foram registrados dois encalhes de barcos que estavam vindo para Manaus. Barcos menores tiveram de transportar passageiros até o porto.
O prefeito do município de Itamarati (a 980 quilômetros de Manaus), João Campelo, também vice-presidente da Associação Amazonense dos Municípios (AAM), afirmou que as plantações de vegetais e frutas de solo, como as de melancia e mandioca, estão destruídas. "Como se não bastassem os problemas de agora, ainda há o do futuro: como sobreviver."
Todos os municípios do Amazonas dependem de energia de termelétricas e já há cidades com estoque crítico de combustível. "As balsas que transportam combustível estão levando menos da metade para fugir do encalhe e pelo menos Itamarati, Tabatinga e Envira têm combustível para no máximo 15 dias", disse Campelo. Seis cidades decretaram estado de emergência, todos na calha do Solimões e Juruá: Tabatinga, Benjamim Constant, Atalaia do Norte, Itamarati, Ipixuna e Guajará.
Liège Albuquerque - O Estado de S.Paulo

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